História completa sobre a Origem das
Tablas Árabes no Brasil.
Tablas Árabes no Brasil.
Fuad Haidamos empunhando uma darbuca turca (1958).
O período pré - Pioneiro
da Música Árabe no Brasil, muitos músicos de origem turca e árabe aqui
estiveram (a maioria amadores), por vezes a convite feito pela comunidade árabe
ainda em histórica formação. O Brasil, na verdade, se tornou um importante
refúgio para muitos ante ao acirramento dos conflitos armados que, nesse
período, acercava Damasco - capital da Síria - e regiões vizinhas.
Nesse período,
destaca-se o Clube Homs, fundado em 1920 e responsável por
patrocinar alguns espetáculos de música oriental destinados exclusivamente a um
seleto auditório.
A "música
árabe" no Brasil ainda estaria numa fase experimental, contendo pontos de
descaracterização (principalmente na percussão).
Curiosamente, se
verificarmos imagens desse período, os percussionistas que aqui passaram não se
apresentavam com derbakes originais, mas, sim, versões em alumínio ou níquel da
darbuka - instrumento tipicamente de origem turca (não árabe), com cintura
afilada e bocal alargado. Evidentemente, a "música árabe" apresentada
nos clubes, por consequência fática, carecia de maior originalidade.
Uma outra
característica seria a formação desses músicos no palco, que muito se
assemelhava a um ensemble turco clássico, e não árabe.
Haidamus, que iniciou seus estudos de
percussão em 1935 inspirando-se no seu mestre libanês Jamil Flewar, possuía em seu acervo uma legítima tabla árabe, feita
em cerâmica e pele de cabra, contudo, raramente a utilizava em suas
apresentações. Uma das problemáticas estava na alta fragilidade do instrumento,
principalmente durante o transporte.
Derbake de Fuad Haidamus - 1981
Haidamus, nos primórdios tempos, mesmo
quando formou conjunto com o alaudista Wadih
Cury (que mais tarde se tornaria o primeiro conjunto tipicamente árabe do
Brasil), também se viu obrigado a utilizar por algumas vezes darbukas
niqueladas.
Fuad
Haidamus dizia
ser raro alguém que definitivamente soubesse diferenciar a darbuka turca de uma
tabla árabe ou derbake.
Comentário:
"Até mesmo nos dias atuais ainda persiste essa dificuldade. A Darbuka
turca é um instrumento totalmente diversificado e com som bastante
característico. Havia e ainda há no Brasil, uma grande incultura sobre esse
assunto, inclusive dentro da própria Comunidade Árabe".
Com o avanço de
mais alguns anos, a música árabe começaria a sofrer algumas modificações. A
derbake que até então era utilizada timidamente nas orquestras tradicionais
árabes no estilo al tarab passou a ganhar maior destaque,
principalmente com o advento das apresentações dançantes de bailarinas célebres
como Nagwa Fouad; floresce o estilo percussivo "Raks".
Graças a sua
inquietude e genialidade, Fuad Haidamus
decidiu utilizar somente derbakes em suas apresentações, pois as Darbukas já
não conseguiam proporcionar, ou imitar, o som legítimo de uma tabla árabe de
cerâmica frente às exigências do novo estilo percussivo.
Contudo, para
que o transporte desse instrumento fosse viável, Fuad Haidamus desenvolveu um estojo especial e totalmente inédito,
isso no final dos anos 60, todo feito em madeira e revestimento interno de
espuma de várias camadas. Este estojo nos foi dado de presente por seu
próprio criador no ano de 1979.
Assim, Fuad Haidamus passa a ser considerado o
primeiro Derbakista do Brasil (o legítimo pioneiro), iniciando,
desta maneira, o processo de implantação e difusão da percussão originalmente árabe.
Mesmo em tempos
menos remotos, as pessoas ficavam maravilhadas com o som potente do instrumento
e com sua técnica extremamente ágil. Como Fuad
e Wadih Cury passaram a tocar
nos restaurantes Beer Maza e Porta
Aberta, contempla-se que a genuína música árabe nasceu oficialmente nos restaurantes
orientais da época.
Com o início dos
trabalhos de Shahrazad Sharkey, a pioneira da Dança do Ventre
no Brasil, Haidamus desenvolveu também de forma inédita o solo de derbake que fora especialmente projetado para suas
apresentações de Dança do Ventre.
Por essa razão
que, num período posterior, Haidamus
presenteou Shahrazad com um de seus
instrumentos.
Como Fuad até então possuía apenas um
instrumento, precisou obrigatoriamente criar um suporte especial de 4 braços
reguláveis que permitia afiná-lo (com o uso de uma lâmpada spot - ideia também
de Fuad Haidamus) mesmo em pleno
uso.
Após a
publicação de imagens da técnica utilizada por Fuad no Brasil desde 1960, por coincidência ou não, muitos músicos
(nacionais e internacionais) foram fotografados com derbakes munidas de
lâmpadas para afinação. O uso da lâmpada incandescente, ressaltamos, foi uma
idealização do percussionista libanêsJamil
Flewar (mestre de Haidamus).
Comentário: ‘Em
países como Líbano e Síria, era comum o percussionista levar consigo dois
instrumentos. Enquanto afinava um instrumento, utilizava o outro. No caso de
Haidamus, tal prática seria impossível".
A produção de
Derbakes, contudo, ocorreu alguns anos depois. Em viagem ao Estado do Pará, Fuad Haidamus conheceu toda a atividade
ceramista ali praticada. Considerando tais trabalhos da mesma qualidade
daqueles feitos no Egito, solicitou
que fossem feitas réplicas de seu instrumento particular. Tais peças,
confeccionadas por Haidamus, foram postas à venda nas mais importantes lojas de
instrumentos musicais de São Paulo.
A partir desse
ponto, a Derbake, instrumento e
percussão típico do mundo árabe, começa a ser conhecida e ganhar adeptos.
Em meados de
1990, com o início das importações feitas por lojas especializadas da comunidade,
Haidamus, já adoentado, deixou
gradativamente tal produção.
É por essa razão
que, incontestavelmente, Fuad Haidamus
acumulou durante sua vida diversos títulos na história da música árabe no
Brasil: "Pioneiro da Percussão Árabe", "Pai do ritmo e dos tambores
árabes ", "Pioneiro do Solo de Derbake" e "Pioneiro do
estilo percussivo "Raks"".
Texto:
Vitor
Abud Hiar
Direitos reservados ao auto do texto.
E para finalizar esta viagem musical não podiam faltar vídeos e registros em áudio deste momento tão importante:
Adorei 😍😍😍😍
ResponderExcluirPROFE!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirADOREI, PARABÉNS,
PROFE, EU O FICANDO LOUCA, MAS FELIZ, ESTOU ESTUDANDO A COREOGRAFIA E TODOS OS CURSOS ADOREI,MIL BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
Adorei, profe, obrigada, bjs!
ResponderExcluirAdorei, profe, obrigada, bjs!
ResponderExcluirOlá mestra!!!!
ResponderExcluirSeus trabalhos são ótimos e enriquecedores! Mais uma vez muito obrigada.
Adoro os vídeos de época. Parece que viajamos no tempo....